O Convento de Santa Clara
- Sandro Aranha
- 16 de mar.
- 4 min de leitura
Atualizado: 22 de mar.
Hoje a nossa parada é na esquina das ruas de São Bento com a Padre Luiz e conhecer um pouco das histórias da Igreja do Rosário, Convento de Santa Clara e a atual galeria Santa Clara…

Em meados de 1750, a Irmandade dos Homens Pretos, por meio de coleta e mão de obra, começou a construir em homenagem à Nossa Senhora do Rosário, mas sem conseguirem finalizá-la em meados de 1760, foi vendida por 50 mil réis para Salvador de Oliveira Leme, o Sarutaiá.
Vinte anos depois, durante o período em que reconstruíram antiga igreja construída por Baltazar Fernandes na praça central, a Igreja do Rosário se tornou a matriz provisória.
Curiosamente, a Rua Padre Luiz teve vários nomes durante os anos: Rua do Rosário (devido à igreja), Rua Municipal (pela Câmara e Cadeia) e Padre Luiz (homenageado pela participação durante a Epidemia de Febre Amarela e que morou nessa rua em dois lugares diferentes).
O Convento Santa Clara em Sorocaba não foi o único e nem o primeiro, pois na cidade de Taubaté foi fundado um convento com mesmo nome em 25 de março de 1673 por frades franciscanos. Na Bahia, a Igreja e Convento de Santa Clara do Desterro foi fundado em 1677, por freiras Clarissas vindas do Convento de Évora, em Portugal, é o mais antigo convento feminino do Brasil.
As netas de Sarutaiá, Manuela de Santa Clara e Rita, filhas do alferes Francisco Xavier de Oliveira, durante 10 anos pediram esmolas para construir um anexo à igreja. Elas estavam seguindo uma visão de Manuela que a instruía a fundar um convento e que haveria vários obstáculos até esse objetivo ser atingido.
Imagens do Interior da igreja e do convento. Fonte: José Benedito Almeida Gomes/Celso Ribeiro Marvadão
Manuela com 26 anos e Rita de Santa Inês com 30 anos, inicialmente em 1800 e depois por diversas vezes ter a permissão da criação de um convento, sendo negadas todas às vezes, indo pessoalmente até o Rio de Janeiro numa viagem de 1 mês em lombo de animais, para falar diretamente com o recém-chegado D. João IV, mas tendo mesmo assim outra negativa.
A permissão veio em 1810, mas para ser um educandário feminino e vindo diretamente do Convento da Luz em São Paulo, para a instalação o Frei Galvão que ficou por aproximadamente 11 meses, a irmãs Domiciana Marta da Assunção, Rita do Coração de Jesus e Isabel da Visitação, sendo essa última a regente do novo recolhimento, tendo a sua fundação em 25 de agosto de 1811. Oficialmente, se tratava de um internato, mas que, na verdade, era um recolhimento religioso.

Durante a Revolução Liberal de 1842, o Brigadeiro Tobias deixou sua família e sua recente esposa, a Marquesa de Santos, protegidas pelo exército de Caxias no convento.
Em 25 de março de 1846, durante sua visita por Sorocaba, D. Pedro visitou o Convento Santa Clara.

A mãe do Brigadeiro Tobias, Gertrudes Eufrosina Aires de Aguiar, foi enterrada na igreja do convento em 1847.

Devido à clausura, era muito difícil realizar enterros ou visitas às freiras que falecessem e fossem enterradas no Cemitério Municipal. Assim, em 12 de abril de 1866, a lei provincial n.º 44 permitia que o Convento Santa Clara pudesse ter um cemitério dentro de suas instalações.

Em 1880, houve um surto de beribéri em Sorocaba, com 12 casos no convento que foi caiado e desinfectado, e as freiras foram transferidas provisoriamente para uma chácara.

Dom Aguirre tomou posse da diocese em 1924, entrou no convento e, constando as más condições de estrutura, fez uma arrecadação de donativos para fazer a manutenção e melhorias do prédio secular.
Em 20 de outubro de 1949, um homem pulou no convento para assustar as madres, por isso a polícia foi chamada e, junto de um jornalista, foram as raras pessoas que entraram do convento.
Em 1962, surgiu a notícia de que a prefeitura estaria cogitando a desapropriação do convento para a construção do Paço Municipal no lugar e, no ano seguinte, houve a possibilidade de o convento ser a sede da futura Faculdade de Direito.
Mau estado de conservação, especulações imobiliárias e o aumento da poluição sonora no centro são alguns dos possíveis motivos para a mudança do convento para uma área mais distante do centro.

Em 16 de abril de 1963, as monjas se retiraram do antigo imóvel, para o novo convento que fica no Jardim Vera Cruz.
Saida das monjas do Convento. Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul - 1963

No início do segundo semestre de 1963, o convento começa a ser demolido para que novos empreendimentos imobiliários sejam construídos em seu lugar.

Em 13 de agosto de 1965, foi inaugurada Igreja de Santa Clara e ela manteve a antiga porta da igreja original demolida.
Na área do antigo convento, o arquiteto Milton Ghiraldini foi responsável pelas construções, do Edifício São Bento em 1964 composto de 15 apartamentos grandes e 15 garagens, do Edifício N.S. da Ponte em 1965 com 5 lojas e 104 salas para escritório e da Galeria Santa Clara, inaugurada em 14 de maio de 1970 tendo 20 lojas térreas e 25 lojas. Foi benzida pelo Monsenhor Mucciolo. O Conjunto Santa Clara tem 13.000 metros quadrados de construção, 60 apartamentos de luxo, 3 elevadores, 30 vagas de automóvel e uma área verde.


Fontes:
Sites:
Dissertação - A Arquitetura Moderna de Sorocaba: Décadas de 50, 60 e 70 de João Luís Bengla Mestre;
Dissertação - Espaço de Fé e relações de poder - O Recolhimento Feminino de Santa Clara de Sorocaba (1800.1850) de Bruna de Oliveira Garcia;
Jornal Cruzeiro do Sul:30/03/1962; 09/06/1962;06/06/1963;12/07/1963; 05/02/1979; 15/05/1970; 23/08/1977;
Arquivos Rogich Vieira;
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