Hoje vamos próximo ao Palacete Scarpa, mais precisamente no Jardim Maylasky, para contar um pouco da história do monumento em homenagem a Luiz Matheus Maylasky.
A idéia para a homenagem surgiu durante as comemorações dos 75 anos da entrega do trecho Sorocaba-São Paulo em 10 de junho de 1950, durante um discurso do escritor ferroviário Alberto Rocha Lima:
“Sorocaba, cidade-berço da Sorocabana, devia, pois, possuir em uma de suas praças públicas, como preito de justiça, uma consagração no bronze, em Monumento que mostre a atual e as futuras gerações o seu valoroso espírito de iniciativa e progresso: A Estátua de Maylasky!”.
Depois de várias tentativas, somente durante as comemorações do 3º Centenário de Sorocaba em 1954 é que o Centro Cultural para Mestres da Sorocabana criou uma comissão para esse fim. Faziam parte dela: Hélio Ferreira, Artur Cagliari, Valentim Baroni, Godofredo Ribeiro, Antônio Francisco Gaspar e José Joaquim Magalhães.
Como poderia de se esperar Antônio Francisco Gaspar foi fundamental para comissão, através de seu conhecimento da história da Estrada de Ferro Sorocabana, e de sua proatividade de ir para a capital e conseguir uma ajuda financeira do governo do estado, através o governador Jânio Quadros, para a construção da estátua.
Finalmente depois de alguns anos, com o valor arrecado e a parte burocrática resolvida, foi chamado o conhecido escultor italiano Luiz Pescosta, para criar o modelo em gesso, que depois seria fundido pela Fundição Artística de Bronze de Matiello Benedetti de São Paulo. O pedestal para a estátua foi construído pela própria Sorocabana e fixado um pouco acima do local que se encontra atualmente próximo ao museu da EFS.
A grande inauguração foi no dia 27 de setembro de 1958 a partir das 12 horas com presença dos descendentes de Maylasky, de autoridades civis, militares e eclesiásticas, ferroviários, populares, professores e alunos do curso ferroviários e da escola Matheus Maylasky, rádio, impressa, Corporação Musical Carlos Gomes e o Coro Orfeônico do Grupo Escolar “Matheus Maylasky”.
O ato inaugural foi realizado por Zuleika Maylasky Pereira da Cunha Bulcão, neta mais velha de Maylasky, comendadora de Honra ao Mérito Nacional, cedida pelo ex-presidente General Gaspar Dutra, por serviços prestados a Previdência Social.
Foi seguida da benção do Bispo Diocesano Dom Aguirre, que destacou a importância histórica do evento e parabenizando o Centro Cultural de Mestres da Sorocabana pelo êxito na construção do monumento.
Depois ocorreram os discursos de Artur Cagliari, ex-presidente do Centro Cultural, de Luiz L. Bandeira de Melo, Sub Diretor de Operações, de Zuleika Maylasky, do historiador Antônio Francisco Gaspar e de Vitorio Papa, presidente do Centro Cultural de Mestres da Sorocabana.
Além de Zuleika, vieram mais alguns familiares de Maylasky para prestigiar a homenagem: Anita Nolasco Canto e Dulce Nolasco Rebello, netas e Pedro Nolasco Canto e Antônio José Ferreira, bisnetos. Todos vieram do Rio de Janeiro num trem especial para o evento.
As festividades se encerraram com a família de Maylasky visitando o grupo escolar com o nome de seu avô seguindo de um banquete no refeitório.
Em 10 de junho de 1959 às 18 horas, houve uma cerimônia na qual foi adicionada a iluminação ao monumento.
Em 1985, com a ligação feita entre a Avenida Afonso Vergueiro e a Marginal Dom Aguirre, foram necessárias diversas obras para adequar o fluxo viário. Dentre essas obras foi uma melhor ligação da Rua Souza Pereira a Rua Álvaro Soares, que consistiu da necessidade da retirada do monumento de Maylasky dessa área, sendo realocado em frente ao atual Barracão Cultural.
Em 1997, à medida que o monumento sofria alguns atos de vandalismo, coube a decisão do historiador e escritor Ari Mateus, que nessa época era presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico a decisão de trazê-lo novamente para a proteção do revitalizado Jardim Maylasky que veria em dezembro desse mesmo ano a inauguração do Museu da Estrada de Ferro Sorocabana.
Atualmente o monumento se encontra no mesmo local, infelizmente sem os cuidados e manutenção que teve em épocas anteriores.
Curiosidade: Durante um passeio do historiador Carlos Carvalho Cavalheiro, fiquei sabendo que escultor Luiz Pescosta na criação do molde, não se esqueceu de colocar na estátua um símbolo na parte de trás do casaco que demonstrava a Matheus Maylasky com a maçonaria.
*Agradecimentos ao Adolfo Frioli e ao Museu da Estrada de Ferro Sorocabana, pela ajuda nessa pesquisa.
Fontes:
Jornal Cruzeiro do Sul: 23/10/1953; 19/09/1958; 27/09/1958; 30/09/1958; 28/11/1958; 30/09/1958; 10/07/1959; 03/04/1970; 11/10/1981; 19/06/1985; 19/07/1985; 23/08/1986; 18/05/1987;
Folha Popular: 28/09/1958; 05/10/1958; 08/10/1958; 29/10/1958;
Diário de Sorocaba: 27/09/1958;
Revista Nossa Estrada de Outubro de 1958;