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Por que Vila Barão?

Atualizado: 7 de mai. de 2022

Hoje vamos contar sobre origem do nome da Vila Barão, mas dessa vez com a ajuda do historiador Antônio Francisco Gaspar, mostrando como foi a sua pesquisa e o que conseguimos descobrir a partir dela...


Nessa foto de 1885, possivelmente essas terras que faziam parte da propriedade do Barão de Carmelo - Foto: Julio W. Durski/ Acervo: MHS

Segundo Gaspar, antigamente num dos pontos mais elevados de Sorocaba, exista uma bela chácara, chamada de Fazenda Areião, onde morava uma bondosa e honesta baronesa. Depois do falecimento dela a propriedade foi dividida e passou a pertencer à família do conde Prates e entre outros proprietários.


Com a divisão, essas áreas passaram a se chamar: Mato do Speers (talvez antes de ser nomeada de chácara), Ipanema, Terra Vermelha e Cruz de Ferro.


Grande parte desse terreno a partir de 1934 passou a ser propriedade de Ricardo Coe Jr. e nesse momento começou o loteamento que daria origem a Vila Barão.


Ricardo Coe Jr. - Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

Mas como Antônio Francisco Gaspar disse no artigo: “Meu gosto é pesquisar coisas antigas. Suas origens.” E assim ele começou a pesquisar para saber quais eram os nomes dos donos da fazenda.


Depois de percorrer os cartórios da cidade encontrou no livro de óbitos no cartório o 2º Subdistrito a informação:

“Baronesa de Monte Carmelo, falecida em 3 de outubro de 1903, com 67 anos, viúva, natural do Paraná. Congestão cerebral. Atestado Dr. Arthur Martins. Foi sepultar em São Paulo”.

Com essa informação, Gaspar foi aos jornais Jornal Cruzeiro do Sul e 15 de Novembro e encontrou essa informação na coluna Falecimentos:

“Baronesa de Monte Carmelo. Sábado passado, às 10 horas da manhã finou-se repentinamente em sua belíssima propriedade no bairro da Terra Vermelha, vitimada por uma congestão cerebral, a virtuosa senhora Baronesa de Monte Carmelo. Mãe do Sr. Manoel Bonifácio da Silva Batista. No dia seguinte às 11 horas da manhã, foi o cadáver da extinta conduzido até a estação da Sorocabana e depositado num vagão transformado em câmara ardente. Formado um trem especial, seguiu o féretro para São Paulo, sendo sepultado no Cemitério do Carmo. Pêsames a família enlutada”.

Por mais que conseguiu confirmar que a baronesa de Monte Carmelo era a mesma que era dona da fazenda, ainda não tinha consigo identificar os nomes, assim decidiu seguir a pista e foi para São Paulo no Cemitério do Carmo, para finalmente tentar descobrir as identidades do casal de barões de Monte Carmelo.


Chegando a São Paulo, conversou com o administrador do Cemitério do Carmo, Miguel Phintiner, sobre a pesquisa. Miguel prontamente o levou ao mausoléu da família e assim finalmente descobrira o nome do casal: Bonifácio José Batista e Anna Luiza da Silva Batista.

Bonifácio era filho de Antônio Dias Batista e de Maria do Nascimento Teixeira de Azevedo, nasceu em Vila Príncipe (atual Lapa no Paraná) em 1827. Veio de uma família de grandes escravagistas e exploradores de minas de ouro, além de grandes proprietários de terras. Durante a juventude se tornou tropeiro, iniciando suas viagens ao Rio Grande do Sul.


Quando conheceu Anna Luíza Novais do Canto e Silva, filha do fazendeiro e deputado Manoel Ignácio do Canto e Silva, já tinha uma grande quantidade de bens, mas mesmo assim Manoel recusou o pedido de casamento por achar que todos os pretendentes não eram bons suficientes para sua filha.


O casal decidiu fugir para se casar em Ponta Grossa, na capela de Sant’Ana. O pai de Anna, mesmo furioso, aceitou Bonifácio José como genro e acabou fazendo as pazes com o rapaz.


Em 27 de junho de 1870, adquiriram a Fazenda Capão Alto, que fica no município de Castro no Paraná, vendida pelo Frei Damásio de São Vicente Ferreira. Só saiam da fazenda para fugir do inverno rigoroso do sul, vindo para São Paulo. Felizmente essa fazenda foi preservada e ainda existe nos dias atuais.

Fazenda de Capão Alto - Castro - PR - Fonte: Ipatrimonio

Em 20 de novembro 1886, o coronel Bonifácio José Batista e dona Anna Luiza da Silva Batista foram agraciados por decreto imperial com o titulo de Barão e Baronesa de Monte Carmelo.


O Barão de Monte Carmelo faleceu em São Paulo em 21 de abril de 1897, mas através da vila em Sorocaba e de sua fazenda em Castro, sua história permanece viva, mesmo que esquecida.

Vila Barão - 1986 - Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

Obs 1: Bonifácio era primo de Roberto Dias Batista um dos fundadores da Estrada de Ferro Sorocabana.


Obs. 2: Descobrimos numa reportagem que na verdade existiam duas fazendas próximas que tinham os barões como donos, sendo essa segunda com o nome de Sant’Ana.


Fontes:

Jornal Cruzeiro do Sul: 11/05/1963; 29/06/1963; 30/04/1986;


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