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Dr. Álvaro Soares

Atualizado: 5 de jul.

Hoje vamos falar sobre um dos heróis da epidemia de febre amarela, médico, prefeito de Sorocaba, nome de rua e um dos responsáveis pela construção da igreja de Santa Rita: Dr. Álvaro Soares.


O vice-cônsul português Manuel José Soares, importante comerciante, veio para Sorocaba em 1843 e conheceu a portuguesa de São João da Foz, Guilhermina Clotilde da Cunha, casaram-se em 1851 e moraram no sobrado na esquina das ruas da Penha e Barão do Rio Branco, a esquerda de quem sobe.


Possivelmente nesse sobrado nasceu, Álvaro César da Cunha Soares em 6 de julho de 1861 e que tinha como irmão o futuro major, Arthur da Cunha Soares.


Quando criança Álvaro teve como seu primeiro professor no primário, Joaquim Firmino Penteado, lembrado em na dedicatória em sua tese em 1888. Perdeu o pai ainda criança, mas com as sugestões de seu padrasto, tio e amigo, Joaquim José Soares, ingressou no curso secundário na Universidade de Coimbra, se preparando para entrar numa faculdade de medicina.


Em 1883, aos 22 anos, após um exame de adaptação, iniciou a 1ª série do curso médico na Faculdade do Rio de Janeiro e matriculando-se também na Escola de Farmácia.


Na terceira série, já se destacava perante aos professores e amigos, por suas ótimas notas, pela forma que tratava os colegas e pela elegância de suas roupas.


Concluiu seus estudos e defendeu sua tese em 14 de dezembro de 1888 com o título “Estudo Clinico do Impaludismo nas crianças”. Aprovado com distinção da banca examinadora se tornando no dia 26 do mesmo mês, doutor, juntamente com o diploma de farmacêutico.


Retornando para Sorocaba, fez uma parada em São Paulo, chegando a sua terra natal no fim de 1888. Recebido com festividade, foi homenageado com um banquete na chácara dos pais que ficava próximo a atual Estação Paula Souza.


Começou a clinicar em 1889, e aos poucos com a satisfação de seus clientes por seus exames minuciosos, foi ganhando clientela se tornando em 1895, um dos principais médicos de Sorocaba.


Em 1893, durante a Revolta Armada, movimento da marinha contra o presidente Floriano Peixoto, iniciada no Rio de Janeiro e alastrada até o Sul. Álvaro funda o Clube de Atiradores, sociedade que só aceitava bons cavaleiros e ótimos atiradores para combater os possíveis sulistas que tentassem invadir o território paulista.


Casou-se com Rita Mendes, nascida em Ponta Grossa, Paraná.


Em meados de 1895, Álvaro comprou uma chácara que passou a se chamar Santa Guilhermina, que ficava na Rua Ipanema (atual Hermelino Matarazzo), e a porteira ficava onde está a Rua São Vicente.


Em 1922, a pedido de sua mulher Rita, Álvaro doou uma parte da propriedade, para a construção de uma capela para a santa que ela era devota, Santa Rita de Cássia, e que nesse mesmo ano, através do empreiteiro de obras, Eduardo Ottani e do pedreiro Adolfo Lippel, foi iniciada sua construção.

Capela de Santa Rita. Foto: Antônio Francisco Gaspar. do livro "Padre Joaquim Gonçalves Pacheco"

Em junho de 1930, foi dada e passada a provisão para a Capela de Santa Rita, através do bispo Dom Aguirre e em dezembro do ano seguinte, Álvaro Soares e sua esposa Rita fizeram a doação do terreno de 20X67, onde se localizava a capela para a Cúria Episcopal de Sorocaba e a partir daí começava a história da Igreja de Santa Rita...


Álvaro honrado com a nomeação Coronel Comandante da Praça e do 49º Batalhão de Cavalaria, pelo presidente português Bernardino Machado.

Sentado ao centro Dr. Álvaro Soares

Em 1896 foi um dos professores do corpo docente do Colégio Diocesano, junto com nomes como Luiz Nogueira Martins e Artur Gomes, tendo Monsenhor João Soares como reitor.


Enfrentou diversas crises médicas, como dois casos de peste negra em 1898, a de varíola em 1890 em Brigadeiro Tobias onde conseguiu evitar a chegada da moléstia ao centro da cidade e as epidemias de febre amarela de 1897 e 1900, esta segunda que teve que se afastar devido ao esgotamento que sofreu tentando auxiliar a grande quantidade de doentes. Ainda participou mesmo já debilitado durante a gripe espanhola de 1918.


Passada a ultima epidemia de febre amarela, os principais responsáveis de combatê-la, foram homenageados, sendo imortalizados com nomes de ruas, como no caso da Rua do Hospital, passou a se chamar a partir de 1900, Rua Álvaro Soares.


Em 1901, foi homenageado, junto de Arthur Martins pela Santa Casa com os nomes de duas alas do Pavilhão de Tuberculose, homenagem sugerida por Manoel José da Fonseca pelo que fizeram durante a epidemia de febre amarela.


Com a chegada da telefonia em Sorocaba, Álvaro foi um dos primeiros a adquirir uma linha, como mostra a primeira lista telefônica de Sorocaba de 1905, sendo ele o número 4 e de sua chácara número 37.

Álvaro Soares e Clemente de Tafille. Foto: Florentino Hansted. Acevo: MHS.

Foi prefeito de Sorocaba de 1911 a 1913 tendo embelezado o centro da cidade com diversas obras nesse pouco tempo que ficou antes de renunciar.


Foi médico do hospital da Santa Casa desde que ele ficava na rua que leva o seu nome e o acompanhou na construção no local atual que se encontra na Avenida São Paulo, sendo seu diretor até 1913.


Nesse período no hospital não era raro aparecer mulheres gravidas em situação de pobreza necessitando de cuidados, mas a Santa Casa não dispunha de recursos para esse tipo de atendimento por não ter uma maternidade. Os médicos dentre eles, Álvaro Soares e Arthur Martins iniciaram uma frente para criação de uma maternidade em anexo ao hospital, para auxiliar os pobres, sendo a ideia aprovada e iniciada com uma cerimonia para o lançamento da pedra fundamental em 1906.


Com sua saúde debilitada, necessitava de mais cuidados de seu médico Diogo Faria, assim depois de 30 anos de vida clinica Álvaro se retirava em 1919 de Sorocaba para morar São Paulo, mas devido inúmeros pedidos vinha de 15 em 15 dias para Sorocaba para atender alguns clientes, rotina que não conseguiu manter devido ao cansaço dessas viagens.


Dr. Álvaro Soares faleceu no dia 12 de novembro de 1937 aos 76 anos em São Paulo.


Prefeito Dr. Álvaro Soares. Foto: Mural de Prefeitos da Prefeitura de Sorocaba.

* Agradecimento especial ao historiador Adolfo Frioli pela ajuda nessa pesquisa.


Fontes:


Jornal Cruzeiro do Sul: 13/11/1937; 20/11/1937; 23/03/1952; 04/07/1961; 06/07/1961; 08/07/1961; 09/07/1961; 06/07/1995;


Livros: Homens que fizeram nossa história de Otto Wey Netto.

Vultos de Sorocaba de Zulmiro de Campos;

Biografias Sorocabanas de Aluísio de Almeida;



Arquivos de Porphirio Rogich Vieira;

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1 Comment


Mais um excelente documentário,é muito bom conhecer a riqueza da história de nossa cidade,parabéns pelo ótimo

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