Getúlio Vargas escapou de um atentado em Sorocaba?
- sorocabaatravesdahistoria
- 7 de fev. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jul. de 2024
Getúlio Vargas visitou Sorocaba em várias oportunidades, como em novembro de 1930 e janeiro de 1940, mas vamos falar um pouco sobre sua passagem em 1947.
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Fazia dois anos que Getúlio havia sido deposto do cargo de presidente, mas a pedido do capitão Carlos Franco Pinto, que era o secretário geral do PTB do estado de São Paulo, presidente do partido em Sorocaba e seu amigo, para fazer um discurso em favor do candidato para prefeitura da cidade, o Dr. Gualberto Moreira.

Por mais que Getúlio, que naquele momento era senador, tivesse carisma, que seus discursos movimentassem multidões e cativasse eleitores, o clima era de insegurança, com vários atritos em uma série de comícios acontecidos pelo interior do estado de São Paulo.
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O comício estava marcado para o dia 06 de novembro, na sacada da sede do PTB, que ficava na Rua São Bento, no prédio que foi a antiga delegacia de polícia, e que foi alugado o piso superior por esse partido e tendo a Padaria São Luiz instalada no térreo. O prédio já foi demolido e atualmente o Banco Safra está localizado nesse local.

Nessa foto o prédio ainda tinha arquitetura de quando foi a delegacia.

O mesmo prédio após a reforma e onde se tornaria sede do PTB
No dia marcado, com o atraso de Getúlio, devido ao acidente acontecido com um dos carros da comitiva quando estava passando por São Roque, a população que lotava a praça Cel. Fernando Prestes, estava impaciente e ameaçando se dispersar então os políticos de vez em quando falavam ao microfone tentam manter o interesse e a animação do público.
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Foi em um desses momentos, após a fala do capitão Carlos Franco Pinto, é que a fachada do prédio foi atingida por vários tiros, para desespero de todos que estavam na sede, que se jogaram ao chão, incluindo o jornalista e escritor Otto Wey Netto, que estava cobrindo o comício pela rádio PRD7. Felizmente não houve vitimas, apenas o equipamento da rádio sofreu avaria por um dos tiros.
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Os tiros partiram do telhado do clube União Recreativo, onde os atiradores foram logo encontrados no forro do imóvel e detidos pela polícia. Os acusados eram opositores a Getúlio Vargas e quando viram uma pessoa com mesmo porte físico do ex-presidente falando ao microfone, no caso o capitão Franco Pinto, começaram a atirar no prédio.
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Após os atiradores serem presos, o público foi convocado a retornar a praça, através do sistema de alto-falantes e assistiram ao discurso de Getúlio Vargas que acabara de chegar, este que logo em seguida almoçou na residência de Franco Pinto na chácara Vergueiro.


O caso foi minimizado e o incidente foi classificado como um distúrbio, a pedido do próprio capitão Franco Pinto, assim os atiradores pegaram um processo pequeno e depois o governador Ademar de Barros, adversário politico de Vargas, ligou agradecendo o capitão por não ter exigido o caso como tentava de homicídio.

A nota da diretoria do Recreativo, referente ao assunto

Uma das poucas notícias publicadas sobre o tiroteio
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Em contraponto a essa versão, temos o relado de Gustavo Frederico Schrepel, sobrinho de Joaquim Schrepel que foi um dos atiradores presos.
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Segundo Gustavo, através da história contada por sua família, existia um complô político contra Getúlio Vargas, organizado pelo governador Ademar de Barros que visava ser o presidente, por isso aproveitaram a vinda do senador para a nossa região para colocar o plano em prática.
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O plano A foi uma armadilha feita aproveitando as curvas da estrada de São Roque, mas sem sucesso, restando o plano B, que foi realizado durante o comício em Sorocaba por Joaquim Schrepel e Cassemiro de Abreu no telhado do Clube União Recreativo.
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Os relatos concordam sobre o tiroteio começar após a presença do capitão Franco Pinto ao microfone, por causa de sua semelhança física com Vargas.
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Após eles serem presos e levados a delegacia, foram transferidos para o DOPS em São Paulo, sendo libertados na manhã seguinte pelo próprio Ademar de Barros. Foram enviados para uma fazenda do governador que ficava na cidade de São Manuel por um ano, enquanto o caso caía no esquecimento, para depois voltar como se nada houvesse acontecido.
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De toda essa história saíram vitoriosos Dr. Gualberto Moreira que se tornou prefeito de Sorocaba e Getúlio Vargas que escapou ileso dessa situação e voltou à presidência, dessa vez, de forma democrática em 1950.
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Agradecimentos para Antônio Carlos Sartorelli e Adolfo Frio pela a ajuda nessa pesquisa!!!
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Fontes:
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Jornal Cruzeiro do Sul – 01/11/1947; 07/11/1947; 08/11/1947; 31/12/1999; 17/01/2000; 24/08/2014;
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