Hoje voltamos para a Praça Coronel Fernando Prestes para contar um pouco sobre o Club Aymorés e como foi importante para história sorocabana...
Desde a sua fundação o gabinete de leitura passou por diversos locais até a compra da casa nº 1 no largo da Matriz realizada pelo presidente do gabinete Oliveiro Pilar e depois reformada sendo inaugurada no final de 1885.
Depois de alguns anos foi construído anexo um prédio similar ao prédio do gabinete para fins carnavalescos. A diretoria abriu a proposta de arrendamento para possíveis interessados e dessa oportunidade saiu vencedor o “Club Aymorés”.
Club Aymorés foi fundado em 23 de fevereiro de 1896 e teve a festa inaugural da sua sede em 29 de junho de 1896. Sua diretoria inicial era composta de: Joaquim Silvério Junior, João Cancio de Azevedo Sampaio, Hercules Tavares de Campos, Antônio Felisberto de Oliveira, Oto Wey e Isaltino da Costa. O nome do para o clube é referente ao os índios Aimorés que habitavam o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo nos séculos XVI e XVII.
O clube criou seu jornal próprio, chamado “O Tacape”, tendo sua primeira edição em 28 de fevereiro de 1897.
Em pouco tempo o clube se tornou destaque graças a seus eventos carnavalescos que atraiam grande público da cidade e de outras regiões.
Com o sucesso que foi o carnaval de 1897, houve um planejamento maior da diretoria com a ajuda dos sócios para o carnaval seguinte, assim trazendo de São Paulo um hábil armador para a construção de 20 carros alegóricos com temáticas diversas que iriam desde homenagens até criticas, para serem construídos num barracão da Rua 7 de Setembro.
Em 1899, durante a gestão do presidente Hercules Tavares de Campos*, o clube começou uma ampliação em sua sede, sobre o comando do empreiteiro M. A. Stramazzi, com a criação de mais salões e dentre eles um salão com um palco, camarim e espaço para 300 lugares para a exibição de peças teatrais, conferências e reuniões da diretoria.
Os irmãos Pasquinucci, foram os responsáveis pela pintura desse salão incluindo o pano de boca do palco, com a pintura da 1ª missa no Brasil baseado no quadro do pintor e professor Victor Meirelles. Os cenários do palco e dos bastidores foram pintados pelo cenógrafo e ator Jacinto Bragança.
Na entrada havia um corta- vento de vidro com o nome do Club Aymorés e próximo a ela um grande salão para bailes e festas.
A peça “O Conde de São Germano” foi à primeira peça apresentada no teatro do clube, dirigida pelo próprio Jacinto Bragança e estrelada pelos sócios.
Durante a epidemia de Febre Amarela em 1900, o clube cedeu toda a sua estrutura para a comissão de saúde, para montar um hospital se houvesse necessidade.
Segundo o historiador Antônio Francisco Gaspar, com que com a chegada dos cinemas em Sorocaba em 1903, o clube era o preferido pelas empresas cinematográficas por ser único teatro com maior comodidade e capacidade de público para a exibição dos filmes através de seus cinematógrafos, os antecessores dos projetores que temos atualmente.
Devido à indisponibilidade do Teatro São Raphael em reformas, e pelas limitações de espaço dos teatros dos Atiradores e do Vasco da Gama, esse status de preferência pelos grupos teatrais e cinemas permaneceu até 1908.
Em meados de 1909, houve uma vontade coletiva vindo dos próprios sócios de transformar o clube num espaço para suas famílias, assim o Club Aymorés deixava de existir, para que em 29 de junho de 1909 surgisse o Clube Recreativo Familiar.
Manteve a agenda de eventos sempre movimentada e tinha também como seu antecessor, um jornal interno chamado “O Recreativo”.
Próximo a ele, de frente a catedral surgiu em 29 de junho de 1895, o Club União e do mesma maneira que o Club Aymorés, também teve grandes eventos e considerado um dos melhores clubes de Sorocaba. Como destaque em sua presidência já passaram nomes conhecidos como o de Manoel José da Fonseca, dono da Fábrica Nossa Senhora da Ponte.
Como aconteceu com os outros clubes, houve várias fases brilhantes em sua existência, mas com o tempo ela foi diminuindo, assim tendo mesmos sócios que o Recreativo Familiar, surgiu à possibilidade de uma unificação, trazendo benefícios a ambos os clubes.
A fusão aconteceu em 23 de outubro de 1927 e o clube resultante mantendo os nomes dos clubes originais, passou a se chamar Clube União Recreativo e tem como padroeiro da entidade São Pedro, mas essa já outra história...
Obs: * Hercules Tavares de Campos tinha um mercado no sobrado onde está atualmente o Edifício Sofia Cheda e que escrevemos sobre ele em outra publicação.
Fontes:
- Jornal Cruzeiro do Sul: 29/06/1909; 03/07/1923; 08/02/1959; 07/02/1964; 06/12/1989; 29/06/1991; 10/04/1992; 04/10/1994; 29/06/1996; 06/01/1997;
- O Tacape: 28/02/1897;
- Correio Paulistano: 17/12/1905;
- Correio de São Paulo: 18/04/1936;
- Almanaque de Sorocaba: 1903;
- Teatros e Cinemas de Sorocaba de Otto Wey Netto;