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Casa Saturno


Hoje é dia de ir à esquina da Rua Cel. Bendito Pires com a Rua Sete de Setembro e falar um pouco sobre a saudosa Casa Saturno.


Curiosamente onde atualmente se encontra a loja Dimanos, desde o começo do século XX, na maioria das vezes foi casa de ferragens por onde passou diversos donos, assim vamos voltar ao começo do século e conhecer um pouco sobre essa história.


No início de 1900, quando a Rua Cel. Benedito Pires se chamava Rua da Matriz, no número 27, existia a casa de ferragens e de secos e molhados chamado “Grande Bazar”, dos sócios Sampaio & Silva e que pouco tempo depois passou a se chamar “Casa do Bugre” mantendo a mesma sociedade.

Anúncio encontrado no Almanaque de Sorocaba 1903
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul - 1904

Em 1907, o dono já seria Antônio Guilherme Silva (que possivelmente pode ser um dos donos anteriores), com propriamente uma casa de ferragens, vendendo tinta, maquinas de costuras e artigos para escritório, além de armas de fogo que já era vendido anteriormente. Foi ele que doou o terreno ao lado da Capela de Santa Cruz, na rua de mesmo nome para a construção do Asilo de São Vicente de Paulo.


Em 1911, o capitão Crispiniano da Fontoura Costa, na qual tinha um escritório de advocacia ao lado da casa de ferragens, mas no mesmo endereço.


Como o negócio não estava indo bem, o Antônio se mudou para Rua da Penha deixando o local que em seguida foi ocupado pela família Scarpa, que já tendo um negócio no sobrado na Rua Padre Luiz, aonde hoje se encontra a Loja Cem, decidiram criar uma filial chamada “Casa Scarpa”, já com foco de utensílios domésticos como louças e talheres.

Casa Scarpa - Fonte: Almanaque de Sorocaba 1914

Sobre o cuidado de Francisco Scarpa e seu filho, o comércio manteve-se em pleno funcionamento até 1918, quando possivelmente por motivo da morte de Francisco, coube ao seu filho Nicolau e a mulher dele, Joaquina, cuidarem dos negócios deixando de administrar a Casa Scarpa.


Pelos anúncios nos jornais da época, Ricardo Oliveira que foi contador de Francisco Scarpa e Filho e que era casado com Isabel Scarpa, se tornou o novo dono da antiga Casa Scarpa.

Nessa época o dono deveria ser Ricardo Oliveira. Foto: Pedro Neves dos Santos - 1923

Em meados de 1925, a loja passou para sobre responsabilidade de Francisco Scarpa Junior e o local passou a se chamar “Casa Chiquinho”.


Finalmente chegamos em1932, chegamos ao nome do comércio que mais tempo ficou nesse endereço e se tornou inesquecível através de fotos e belas lembranças: a Casa Saturno.


Através de nossa pesquisa descobrimos diversos comércios e donos pelo Brasil que utilizaram o nome “Casa Saturno” pelo Brasil. Em São Paulo (1913), Rio de Janeiro (1920), Florianópolis (1923), São Roque (1931), Curitiba (1933), Maceió (1938) e Capão Bonito (1947), sendo nesse último o nome do dono Saturnino Desiderio Mendes.


Quem nos ajudou a descobrir um pouco da história da Casa Saturno sorocabana, foi Marcos Pires de Almeida, que além de ser último dono, também sempre participou da loja quando seu pai e outros parentes foram donos.


Pelo que concluímos o primeiro dono e talvez quem escolheu o nome da Casa Saturno foi Domingos Balsamo que adquiriu o ponto da família Scarpa no inicio dos anos 30, tendo o primeiro anuncio encontrado em jornal de dezembro de 1932.


Como os comércios anteriores nessa época, ela também era uma casa de ferragens, materiais de construção, louças e presentes num área anexa ao prédio. Vendiam armas e munições, com direito a disparos de armas dentro da loja para testes durante a Revolução de 1932.

Foto de Amantino de Sanctis. Acervo: Marcos Pires de Almeida

Aproximadamente dois anos depois Domingos vendeu seu comércio para Amantino de Sanctis e Martinho Rodrigues, genro de Amantino.


Os sócios decidiram manter o nome da loja e seu público alvo, sem imaginar que todas as decisões que estavam tomando contribuiriam para que a Casa Saturno se tornasse um negócio bem sucedido por 50 anos.


Em 1940, a sociedade Sanctis & Rodrigues chega ao fim, mas com a saída de Martinho entra Luiz filho de Amantino, em seu lugar criando a Sanctis & Cia.


O prédio era propriedade de Alcides Soares, e como ele não tinha interesse de vender para a família Sanctis, foi decidido comprar o imóvel do lado, na Rua Sete de Setembro nº 50, para caso o prédio for pedido pelo proprietário, a Casa Saturno simplesmente se mudaria para o lado.

Ao fundo podemos ver na esquina ao lado da Casa Saturno, o imovel comprado pelos donos e que foi estoque e sede do atacado da loja.

Uma grande oportunidade observada pelos donos foi que por mais que Sorocaba tivesse várias lojas do mesmo ramo, e que houvesse demanda para todas, as regiões ao redor de Sorocaba não estavam sendo atendidas com eficiência, assim a Casa Saturno iniciou a venda por atacado para atender as cidades próximas.


Anúncio no Jornal Cruzeiro do Sul

Com vendedor chamado Brunetti fazendo o pedido fisicamente na região e com o atendimento por telefone, os pedidos eram separados no imóvel ao lado e enviados através da ferrovia ou pelas jardineiras para os clientes a distância.


Nesse caminho o nome da loja se tornou referência de atendimento e produtos na região de Sorocaba.


Em contra partida o patriarca da família Sanctis, Amantino, se afasta do negócio por motivos de saúde, abrindo a oportunidade da entrada dos filhos Amantino Filho e José e do genro Mario (pai de Marcos).


Em meados de 1952, José sai da sociedade para montar sua loja.

Inauguração do relógio da Praça Nicolau Scarpa doado pela Colônia Japonesa na comemoração do TERCEIRO CENTENÁRIO em 1954 Na foto mostra o Comendador Heitor Antunes, Diretor da Fábrica, Prefeito Dr. Emerenciano Prestes de Barros e Wesceslau Correia Lacerda Acervo: Silvio Rosa Santos Martins Fotografado em 03/03/1954

Infelizmente com a chegada da década de 60, a Casa Saturno, veria o surgimento de vários concorrentes como a família Moreno, que prestavam os mesmos serviços e se destacando com preços mais atrativos.

CAMPANHA de José Bonifácio Coutinho Nogueira - JB em 1962, foi candidato ao governo de São Paulo, com apoio do então governador Carvalho Pinto, representando uma coligação de partidos que incluía as legendas PR, PDC, UDN, PTB e PRP. Obteve o terceiro lugar, ficando atrás de Ademar de Barros - o eleito - e de Jânio Quadros. Texto: Sonia Nanci Paes


Por fim, Luiz deixa a sociedade, ficando agora como donos da loja: Mario (pai), Mario (filho), Marcos e Amantino Filho.


Fonte: Cruzeiro do Sul - 1976

A década de 80 não começa fácil para o comercio sorocabano, com a queda de vendas, assim Amantino Filho com a ideia de investir em outro negócio decide vender a sua parte para Marcos.


Em 1983, Marcos compra a parte de seu pai e do seu irmão Mario (filho), que retorna para o ramo de Buffet, se tornando o único dono da Casa Saturno.

Fonte: Sorocoisas

Em 1984, o país continua numa situação complicada, passando pela recessão e com isso todos os comerciantes sentiram o impacto nas vendas, dentre eles Marcos que se viu as dividas acumularem, mas com calma, negociando com os credores e fazendo empréstimos nos bancos, conseguiu fechar o ano quitando todas as contas.


Quando pensava em começar o ano de 1985 com o pé direito, recebeu a noticia que o dono do prédio, queria o imóvel de volta, e sem mais o terreno do lado da loja que foi vendida com a saída dos sócios e sem a possibilidade de comprar o prédio, Marcos infelizmente fecha as portas da Casa Saturno, que por mais tenha se encerrado o ciclo sempre será lembrada por antigos clientes e por fotos da esquina da Rua Cel. Benedito Pires com a Rua Sete de Setembro.


Nesse mesmo ano a loja Sabina Modas, compra o ponto de Marcos e faz o contrato do imóvel e o destrói para a construção de sua loja.


Com as pesquisas mais escassas, descobrimos que no inicio dos anos 90, a loja Sabina Modas, deixa o ponto, e nele é construída a loja de roupas Dimanos que além de se manter em funcionamento já teve várias ampliações tendo acesso agora através da Rua Padre Luiz.

Fonte: Google Maps - 2011

---------------------- Curiosidade ----------------------

Segundo Marcos, a tentativa de roubo foi aproximadamente em 1956. Fonte: Revista Sino Azul nº 1 – 1959;

* Agradecimentos especiais para Marcos Pires de Almeida pela entrevista e José Rubens Incao por disponibilizar o local.


Fontes:


Jornal Cruzeiro do Sul: 25/06/1907; 24/11/1909; 30/04/1910; 10/08/1910; 06/01/1911; 04/06/1911; 27/08/1911; 30/09/1913; 21/08/1915; 20/04/1918; 03/05/1919; 13/04/1920; 17/10/1920; 19/10/1920; 13/10/1925; 30/09/1930; 10/06/1930; 13/09/1930; 21/11/1930; 05/03/1938; 12/10/1938; 05/04/1940; 04/02/1945; 06/12/1932; 05/09/1967; 25/10/1969; 30/12/1972; 23/08/1978; 18/08/1985; 26/10/1986; 01/04/1993;


Jornal Correio Paulistano: 1923; 1936; 1947;


Almanak Laemmert: 1916; 1917; 1931; 1937;


Almanaque de Sorocaba de 1903;


Almanaque de Sorocaba de 1914;


Revista Sino Azul nº 1 – 1959;

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