Para homenagear o mês da inauguração do Terminal Santo Antônio, vamos contar um pouco da história da construção dos terminais de ônibus em Sorocaba.
Até a década de 90, o transporte coletivo se concentrava em grande parte no Largo do Mercado como local de embarque e desembarque dos ônibus que atendiam a cidade. A cada viagem era necessário pagar dentro do ônibus para o cobrador e dependendo do local as pessoas podiam ter que pagar 4 passagens para ida-volta de sua casa.
Por mais que o transporte de ônibus evoluiu desde Pedro Bella, ainda era insuficiente tanto em quesito de atendimento da população quanto referente ao transito intenso na região central da cidade.
Mas parece que tudo mudaria no inicio dos anos 90, com a mudança da URBES (antiga CODESO), que passaria a fazer a gestão do transporte público e com a criação de terminais urbanos de integração de linhas de ônibus.
A proposta inicial da prefeitura seria para 4 terminais para atender as regiões norte, sul, leste e oeste, sendo posteriormente reduzidos para três e eles são:
Terminal São Paulo: entre as ruas Leopoldo Machado, Santa Cruz eMarginal Dom Aguirre;
Terminal Bandeira: entre as ruas Francisco Scarpa, Padre Luiz e Praça da Bandeira;
Terminal 9 de Julho: entre as ruas Moreira César, Almirante Barroso e Praça 9 de Julho;
Com a notícia de mais de 100 desapropriações de imóveis para dar lugar aos terminais, gerou reclamações dos moradores dos locais afetados, devido à forma apressada que foi realizada e com a dúvida do valor pago por cada imóvel desapropriado pela prefeitura.
De um lado a prefeitura inflexível em relação aos lugares e do outro lado os moradores insatisfeitos com as desapropriações, assim para resolver esse impasse surgiu uma alternativa para substituir os locais dos terminais: o Centro Esportivo de Pinheiros (Terminal São Paulo), terreno ao lado do viaduto Jânio Quadros (Terminal Bandeiras) e um terreno na Avenida Afonso Vergueiro em frente à Avenida Eugênio Salerno (Terminal 9 de julho), todos terrenos desocupados com um custo menor para as construções.
A analise das opções originais e das alternativas levou um período de 3 meses, com algumas alterações feitas pela prefeitura, como a diminuição de 3 para 2 terminais, com o cancelamento dos terminais 9 de julho e Bandeira, em parte pelo alto valor das desapropriações e com a inclusão do Terminal Mercado, que englobaria uma parte de imóveis das ruas Álvaro Soares, Francisco Scarpa, com limite com a Fábrica Nossa Senhora da Ponte. Apenas o Terminal São Paulo se manteve igual ao projeto inicial.
Como aconteceu na primeira vez, houve reclamações dos comerciantes e donos de imóveis da região do mercado que abrigará o novo terminal.
O impasse se estendeu do fim de 1990 até março de 1991, mas mudou completamente de direção no começo de abril com o cancelamento do projeto do Terminal Mercado e através de uma parceria entre a Cianê a prefeitura, a disponibilização do local para a construção numa área da Fabrica Santo Antônio e daí vindo o nome desse terminal. No mesmo mês a Cianê começou a demolição da área que será entregue limpa, parte do acordo da fábrica com a prefeitura.
Em meio às desapropriações, demolições e construções dos terminais, o transporte público no começo de abril de 1991, teria mais uma novidade que impactaria todo o sistema de transporte público: a implantação da catraca eletrônica. A partir dos primeiros testes, somente passageiros que estivessem portando fichas, poderiam viajar dentro dos ônibus, mesmo que não haveria mais cobradores.
Voltando aos terminais, na manhã do dia 27 de junho de 1992, finalmente era inaugurado pelo prefeito Antônio Carlos Pannunzio, o Terminal Santo Antônio que atenderia com 160 ônibus por hora as 45 linhas das regiões do Cerrado e Além Ponte em 19 pontos distribuídos em 6 plataformas e com 4 linhas circulares que ligarão dos 2 terminais passando por diferentes trajetos no centro da cidade.
No dia 3 de julho foi a vez da inauguração do Terminal São Paulo com 28 linhas, em 3 plataformas com 4 pontos em cada uma, atenderá a regiões do Além Ponte e Sul da cidade.
Mesmo com as inaugurações o sistema de integração começou a operar realmente em 12 de julho, com e extinções dos “linhões” que interligavam a cidade, sendo os terminais, o centro de todo o transporte público sorocabano e que seria acessado pela população que estejam dentro dos ônibus ou que comprem fichas nas bilheterias.
Como esperado pela Urbes, mesmo a divulgação e abertura dos terminais dias antes do inicio das operações para tirar dúvidas da população , houve confusão, atrasos nos horários de ônibus, pessoas perdidas esperando ônibus onde não havia mais pontos e reclamações comparando o sistema antigo e o iniciado a pouco tempo.
Em 20 de julho do mesmo ano, começaram o teste com o ônibus articulado (duplo), para tentar resolver o problema da lotação de passageiros que precisavam se deslocar entre terminais (Expresso).
Quanto ao antigo acesso dos ônibus em frente ao Mercado Municipal, a prefeitura transformou o local em estacionamento para aumentar o fluxo de pessoas na região, para tentar compensar a perda de faturamento dos comerciantes dessa região no momento que o fluxo de ônibus foi transferido para os terminais.
Em 1995, a prefeitura iniciou estudos para ampliação do Terminal Santo Antônio, que já estava se tornando insuficiente para atender ao volume de passageiros que crescia. Para isso a proposta seria fazer um prolongamento do terminal em frente a Fábrica Nossa Senhora da Ponte e lá atenderia aos ônibus da região oeste, ficando o terminal original para atender a região norte.
Por causa de a obra obstruir a fachada de um dos patrimônios históricos da cidade, foi impedida pela área de patrimônio histórico, com risco de ações na justiça caso a prefeitura insista com o projeto, para evitar o que aconteceu com a fachada da Fábrica Santo Antônio que está totalmente escondida atrás de toda a ferragem do terminal.
Durante esse período, surgiram algumas sugestões que substituiriam a ampliação, como a volta do projeto do Terminal 9 de julho, também houve o do Terminal Santa Maria, no local onde havia sido demolida a fábrica e por fim a possibilidade da construções de mini terminais nos bairros para desafogar o movimento do terminal no centro.
No fim a obra foi embargada, devido a uma liminar feita Curadoria de Proteção ao Patrimônio Histórico e somando-se o a possibilidade da fábrica se tornar um centro cultural que precisaria de um estacionamento, a ampliação foi deixada de lado.
Em termos de estrutura depois da tentativa de ampliação, não houve nada mais relevantes para melhoria dos terminais, agora referente a passe de ônibus, tivemos duas grandes evoluções: a primeira aconteceu em julho de 2003 com a introdução do bilhete magnético substituindo a ficha que já era utilizada a mais de 10 anos, depois o cartão vale transporte que entrou no lugar do bilhete em junho de 2004.
Fora a queda de público na área do mercado que impactou na venda dos comerciantes, outro efeito colateral da mudança do transporte público surgiu próximo ao Terminal Santo Antônio e foi chamado de “camelódromo”, mas essa é outra história...
Fontes:
Jornal Cruzeiro do Sul: 28/12/1989; 04/03/1990; 24/01/1990; 25/01/1990; 27/01/1990; 30/01/1990; 31/01/1990; 13/02/1990; 15/02/1990; 16/02/1990; 18/02/1990; 21/02/1990; 12/05/1990; 29/08/1990; 30/08/1990; 31/08/1990; 17/10/1990; 03/11/1990; 17/11/1990; 29/01/1991; 15/02/1991; 27/02/1991; 17/03/1991; 02/04/1991; 06/04/1991; 10/04/1991; 20/04/1991; 08/06/1991; 27/06/1991; 29/06/1991; 30/06/1991; 13/08/1991; 14/08/1991; 15/08/1991; 27/08/1991; 14/09/1991; 21/09/1991; 29/11/1991; 28/06/1992; 03/07/1992; 04/07/1992; 05/07/1992; 12/07/1992; 14/07/1992; 21/07/1992; 25/07/1992; 02/08/1992; 10/09/1995; 18/09/1995; 23/09/1995; 25/09/1995; 02/10/1995; 03/10/1995; 09/10/1995; 10/10/1995; 23/11/1995; 21/07/2003; 16/06/2004;