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O Largo da Matriz

Atualizado: 8 de jul.

Hoje vamos falar do lugar que foi chamado por diversos nomes através dos tempos: Largo da Matriz, Praça João Pessoa, Praça Jacaré, Praça do Tombo, mas sendo mais conhecida por Praça Coronel Fernando Prestes...


O histórico largo já foi palco das cavalhadas, do footing, da tradicional Romaria de Aparecidinha, de festejos dos grandes carnavais dos clubes, da famosa Noite do Beijo de 1981, da grande manifestação contra o Aramar em 1988 e infelizmente de assassinatos de políticos da cidade.


Por mais que tenham muitos assuntos interessantes para se abordar, dessa vez vamos contar sobre o inicio do largo e por todas as principais transformações que passou até se tornar a praça central que conhecemos.


Segundo o historiador Aluísio de Almeida, as dimensões iniciais do largo da futura matriz entre 1661 a 1667, eram delimitadas pela Rua São Bento, Praça Carlos de Campos, Rua da Penha e Rua Barão do Rio Branco. Em 1667, o largo já tinha suas dimensões atuais.

Foto: Google


Desde o inicio o largo era de terra batida com poucas mudanças até 1859, a não ser um muro de arrimo e um aterro para controlar a erosão, a criação de duas calçadas estreitas em formato de X para que as pessoas pudessem atravessar a praça sem se sujar de lama e da iluminação que passou de provavelmente tochas para serem feitas com azeite de peixe (1846).


Em 1885, a praça ganhou seu chafariz, com a água que vinha de uma caixa d’água que ficava na esquina da Rua Carlos Gomes com a Rua Padre Luís. Com a chegada da água encanada nos primeiros anos do século XX, esse chafariz foi deslocado para o bairro do Aparecidinha e atualmente se encontra em frente ao Museu Histórico Sorocabano. Também houve mudanças até esse período na iluminação: para querosene (1863), á gás (1878) e finalmente para elétrica (1901).

1886 - Largo da Matriz - Foto: Júlio W. Durki/ Coleção: MHS

1886 - Largo da Matriz - Foto: Júlio W. Durki/ Coleção: MHS

1960 - Largo da Matriz de 1886 - Reprodução de tela de Ettore Marangoni


Em 1904, a praça começou a receber suas primeiras árvores, além de algumas guias e sarjetas.

Meados de 1903/1904 - Praça Cel. Fernando Prestes - Coleção: Luiz Castanho de Almeida

1910 - Praça Cel. Fernando Prestes - Foto: Camilo Lellis /Coleção:Domingos Alves Fogaça


O nome do largo foi alterado no inicio do século, mas placas denominando o novo nome foram colocadas em 1912, passando a se chamar “Praça Coronel Fernando Prestes”, em agradecimento pela ajuda que o presidente do Estado de São Paulo prestou a Sorocaba de providenciar o tratamento da água esgoto, além de mandar à cidade uma equipe de sanitaristas para combater o causador das epidemias de febre amarela de 1897 e 1900.

Cel. Fernando Prestes - Imagem: Wikipédia


Mas a grande mudança aconteceu no largo a partir de 1913, quando passou a ter características de praça, com a construção do coreto e do repuxo (fonte), muretas para definir seu espaço interno, melhoria no calçamento para facilitar o trânsito pedestre, criação de um banheiro e com um aumento de sua arborização.

1916 - Cascata Ornamental na Praça Cel. Fernando Prestes

Foto: Francisco Scardigno/ Coleção: Jair Almeida Branco

1916 - Praça Cel. Fernando Prestes - Foto: Francisco Scardigno/Coleção: Jair Almeida Branco

1923 - Praça Cel. Fernando Prestes - Foto: Pedro Neves dos Santos

1925 - Praça Cel. Fernando Prestes - Coleção: MHS

1928 - Praça Cel. Fernando Prestes - Coleção: MHS


Em 1930, com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, houve mudanças em nomes de logradouros em Sorocaba, assim em 12 de novembro de 1930, o prefeito nomeado de Sorocaba, Otacílio Malheiros, assinou um decreto alterando o nome da Praça Cel. Fernando Prestes para “Praça João Pessoa”.


Essa mudança do nome da praça deve ter permanecido por 5 ou 6 anos , porque em 21 de setembro de 1936, a prefeitura transferiu o nome "Praça João Pessoa" para o Largo Municipal, antes desse largo se chamar Praça da Bandeira (1939).


Em 1931, houve um projeto do engenheiro da prefeitura Dr. Eugênio Virmond, para remodelação da praça, eliminando o coreto e retirando o muro de arrimo, conservando á inclinação natural do terreno. Seriam retiradas todas as árvores e seria plantado um enorme gramado com pequenos arbustos e canteiros de rosas.


Haveria calçamento para pedestres cercados com tijolos. No lugar do coreto seria construída uma pequena fonte e em umas das laterais da praça seria acrescentada uma pérgola, para ser utilizada pelas bandas de músicas. Em frente à catedral seria criando um canteiro com tamanho de 34 m por 10 m. Toda a iluminação da praça seria feita com postes de ferro fundido e fiação elétrica subterrânea.


Mesmo depois de divulgado o projeto idealizado pelo do Dr. Virmond, a reforma não saiu do papel.

1935 - Praça Cel. Fernando Prestes - Coleção: MHS


O que era bonito numa época, pode ter sua opinião totalmente mudada com o passar do tempo. Segundo o jornal Cruzeiro do Sul de 1983, explicava que a nossa praça central passou a ser chamada de “Praça Jacaré” na década de 40, por ser considerada feia e desatualizada pela população, mas graças ao jornalista e escritor Celso Marvadão Ribeiro, descobrimos outra versão para esse nome, que no caso seria "Praça do Jacaré", por haver um jacaré de concreto enfeitando a fonte.

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Independente disso em 21 de janeiro de 1946, a praça voltou a ser reformulada, com um projeto do ex-prefeito Dr. Mario Inglês de Souza e concluído pelo seu sucessor Doracy Amaral, com a retirada dos muros de arrimo, coreto, fonte e muretas, deixando o espaço mais aberto, com piso de pedras portuguesas, mais luminárias elétricas e bancos sem encosto.

1954 - Praça Cel. Fernando Prestes -Coleção:MHS


1960 - Praça Cel. Fernando Prestes - Coleção: MHS

Chafariz do largo da matriz transferido para o bairro do Aparecidinha; Acervo: MHS
Chafariz do largo da matriz transferido para o bairro do Aparecidinha; Acervo: MHS

1970 - Praça Cel. Fernando Prestes - Coleção: MHS


Somente em 1985, durante a gestão do prefeito Flávio Chaves, a praça passou por outra revitalização, com um projeto do arquiteto Antônio Carlos Abibe, que consistiu na troca do mosaico português, a criação de jardineiras com luminárias, novos postes de iluminação, sendo essa instalação elétrica feita pelo subsolo, além de bancos de madeiras espalhado pelo local.

1985 - Inauguração da Praça Cel. Fernando Prestes - Coleção: Jornal Cruzeiro do Sul


Posterior à 1985 - Praça Cel. Fernando Prestes - Coleção: Jornal Cruzeiro do Sul


A fonte retorna dessa vez luminosa, com um espelho d’água, um palco e banheiros em seu subsolo. Segundo o jornal a praça tem oito módulos de vidro temperado que foram distribuídos pela praça, cada um com uma finalidade: dois de telefones públicos, floricultura, jornaleiro, cafeteria, engraxataria, venda de cartão de telefone e talão de Zona Azul e um para ambulantes.

Posterior à 1985 - Praça Cel. Fernando Prestes - Coleção: Jornal Cruzeiro do Sul


2002 - Praça Cel. Fernando Prestes - Coleção: Jornal Cruzeiro do Sul


A terceira grande reforma, aconteceu durante o governo do prefeito Renato Amary em 2003, onde a praça se despedia de seu piso de mosaico português, substituído por um piso de cerâmica com desenhos geométricos criados pelo arquiteto do projeto, Amilton Nery Silvério, a demolição da fonte que já havia caído em desuso, à retirada das jardineiras e dos bancos e com a instalação de uma iluminação especifica para dar destaque às árvores, assim com essas mudanças, segundo o prefeito a tornaria uma praça de passagem.


2003 - Últimos dias da 3ª Reforma na Praça Cel. Fernando Prestes

Coleção: Jornal Cruzeiro do Sul


Infelizmente houve um erro de estudo no projeto, porque o piso colocado não era tão antiaderente quanto se afirmou, com isso desde a inauguração da praça aconteceram vários acidentes sérios com os pedestres escorregando e caindo no chão, por essa frequência de casos a praça central, passou a ser chamada de “Praça do Tombo”.


Na gestão do prefeito Vitor Lippi em 2007, houve uma tentativa com testes de produtos químicos tentando desgastar o piso para deixá-lo antiaderente, mas sem sucesso, por isso apenas em 2011 o problema foi realmente resolvido com a troca dos pisos para um tipo adequado na região central, ainda mantido até os dias de hoje.


2011 - Retirada dos pisos da Praça Cel. Fernando Prestes. Coleção: Diário de Sorocaba


Em janeiro de 2019, uma guarita da GCM foi construída na esquina da Catedral , durante a gestão do prefeito José Crespo com justificativa de aumentar a segurança do centro da cidade. Uma grande repercussão foi gerada pelo lugar escolhido para a construção, que obstruía parcialmente a vista da Catedral.O caso foi resolvido em novembro do mesmo ano, já no governo da prefeita Jaqueline Coutinho , que demoliu a guarita, definindo outras formas eficientes para manter a segurança da região.

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Dias após a demolição da guarita,foi instalado um totem com o nome da cidade, obstruindo a histórica pérgola que se encontra próximo ao Recreativo Central.

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Após essa mudança até o momento a praça não passou por nenhuma mudança que seja relevante contar.

2018 - Praça Cel. Fernando Prestes - Fonte: Google Maps



Obs: Agradecimento Especial para José Rubens Incao, responsável da Biblioteca Infantil de Sorocaba pela grande ajuda nessa pesquisa.


Fontes:


Exposição: Memória da Praça/ Projeto: Reurbanização da Área Central com roteiro, pesquisa e texto de Ida Maria Neves Terron de 1985;


Jornal Cruzeiro do Sul – 29/09/1912; 29/01/1914; 24/04/1915; 19/11/1939; 22/01/1946; 27/02/1970; 12/11/1977; 14/08/1983; 13/03/1984; 20/12/1985; 21/12/1985; 21/09/1986; 24/09/1989; 21/09/1990; 02/06/2002; 25/02/2003; 09/08/2003; 11/10/2003; 12/10/2003; 10/12/2003; 25/02/2007; 29/05/2007; 05/11/2010; 06/05/2011;


Livro: Sorocaba - 3 Séculos de História de Aluísio de Almeida;

Livro: Sorocaba - Registros Históricos e Iconográficos de Adolfo Frioli;


Sites:




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3 Comments


Daniel Diniz
Daniel Diniz
Apr 02, 2021

Excelente artigo! Na foto de 1954, aparece ao fundo um telhado de fábrica. Qual fábrica era ?

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Daniel Diniz
Daniel Diniz
Apr 24, 2021
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Obrigado!

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